Um pensamento recorrente: A mão de obra ruim

“Não quero mais dor cabeça. Perdi muito tempo com má-decisões e mão de obra ruim. Pedreiro só traz aborrecimento. Contratei e não ficou como eu esperava. Foram desonestos. Abandonaram a obra. Desperdiçou material. Estragaram o material caríssimo com um péssimo acabamento. O arquiteto cobrou caro e nem deu as caras, deixou rolar solto. Não ficou igual ao 3D. Não seguiram norma de desempenho. Depois de pouco tempo, o reboco trincou, a parede ficou torta, o piso ficou com desnível ou fora do esquadro. Equipe ruim foi o meu pesadelo”. As queixas são as mais comuns de clientes que nos procuram, pois desejam estar amparados e não sofrer mais desilusões.

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Querem confiança na qualidade final de sua obra com um bom planejamento, bons materiais e uma boa equipe de obra.

Esse é um aspecto que chama bastante atenção em nossas pericias, quando somos chamados para avaliar um imóvel ou um empreendimento do qual teve que recorrer à justiça para que a construtora ou o empreiteiro corrija as falhas.

As pessoas quando optam pelo barato, não fazem ideia do problemão que herdam. Os peritos estão com a mesa cheia de processos. Encontramos em nossa pericias muitas descolocações. Há casos abusivos como construções de casas “rachando em 3D”, ou seja, piso, paredes e teto. Fundações mal feitas, até mesmo com madeira e não concreto, enchimento com sacos de cimento e não cimento e até um caso de um “encanador” que “tampou” um vazamento com uma esponja e cobriu com massa.

“Um trabalhador desqualificado não aparece diretamente na planilha de custos, mas significa que o resultado sai mais caro e a obra perde competitividade. Só demolindo e fazendo de novo”, diz nosso engenheiro e gestor de projetos, Luis Pedro.

Mas porque é tão difícil encontrar mão de obra qualificada?

A crise econômica e a lenta da economia iniciada em 2011, com seu ápice em 2017 refletiu no setor que absorveu milhões de desempregados que trabalhavam em usinas ou em indústrias. A maioria foram cortadores de cana. Com a recessão em 2015 e 2016, muitas usinas e indústrias reduziram o quadro de funcionários e deixaram de contratar. Toda essa mão de obra foi absorvida pela construção civil, especialmente pelos preços competitivos e reduzidos do m² de construção dos programas minha casa minha vida e de habitação de interesse social.

A construção civil é o setor que mais absorve mão de obra desqualificada e como as pessoas não tem conhecimento eles acham que assistir vídeo no YouTube já é experiência, então tem muito dinheiro perdido. Mas assentar 40m² de piso não significa experiência. Ter acompanhado uma reforma não significa capacitação para construir uma casa.

Essas obras não têm segurança, não tem garantia e muitas vezes a obra fica numa roleta russa que vai girando, vai trocando, vai retificando… encarecendo e tirando o sono de muitos proprietários, síndicos e administradoras de imóveis. Nessa história quem tá lucrando são os advogados.

Ok, mas não há fiscalização? E as normas técnicas?

As cidades têm poucos fiscais. Empreito pode até ter CNPJ, mas não emite nota, não tem funcionário registrado, não tem contrato, não pagam impostos…em suma não respondem pelo trabalho prestado.

Pelas pericias, temos observados que 96% das empresas reportaram dificuldade em contratar trabalhadores qualificados e com nível educacional, e 90% disseram que o maior desafio está em encontrar técnicos capacitados, sendo o maior gargalo do crescimento e recuperação da confiança do setor.

Para lidar com a falta de mão de obra qualificada, muitas empresas e construtoras realizam capacitação na própria empresa e oferecem algum tipo de treinamento fora da empresa.

Os problemas acima de fato podem acontecer, mas acredito que a coisa possa ser amenizada com alguns cuidados por parte de quem está contratando esses profissionais.

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